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terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Concílio Vaticano II : etapa preparatória.

Resenha do artigo: BEOZZO, José Oscar. O Concílio Vaticano II : etapa preparatória. In: LORSCHEIDER, Aloísio, et al. Vaticano II: 40 anos depois. São Paulo: Paulus, 2005. p. 9-37.

Neste artigo, Beozzo procura introduzir os três anos das etapas preparatórias do Concílio Vaticano II, desde o anúncio de sua convocação, feita por João XXIII, em 25 de janeiro de 1959, que provocou por todo o mundo excitação e grandes indagações: “O Concílio Ecumênico, segundo o pensamento do Santo Padre, não somente tende à edificação do povo cristão, mas também quer ser um convite às comunidades separadas para a busca da unidade pela qual hoje em dia tantas almas anseiam em todos os pontos de vida” (L’Osservatore Romano, 26-27 de janeiro de 1959,p.1). Em seguida, Beozzo enumera, em nove pontos, alguns elementos:

1. A palavra “aggiornamento” (“colocar-se em dia”, “atualizar-se”), acabou caracterizando a preparação do Concílio proposto por João XXIII e entrou no vocabulário de outras línguas, causando em alguns a impressão de que a Igreja Católica estava saindo da “segurança das trincheiras e baluartes em que se havia fechado, para o fascínio da busca”.

2. João XXIII convocou, ao mesmo tempo do Concílio, um Sínodo diocesano para a Igreja particular de Roma, mostrando sua preocupação por uma revisão, reorganização e novo empenho pastoral, e pretendendo conhecer melhor o seu rebanho e cuidar dele. As duas iniciativas tiveram o caráter “pastoral”, buscando, pelo diálogo, remédios pastorais para as aflições e indagações dos fiéis e da humanidade, tratando até os erros modernos com misericórdia, bondade e paciência. O concílio foi aberto com a presença de 2.540 padres conciliares, de observadores das demais Igrejas cristãs, de hóspedes do Secretariado para a União dos Cristãos, de delegados oficiais dos Estados e organismos internacionais.

3. Em 17 de maio de 1959 o Papa João XXIII constituiu uma Comissão Ante-preparatória, sob a direção do cardeal secretário de Estado, Domenico Tardini, que foi encarregado de consultar o episcopado católico de todo o mundo, dicastérios da Cúria romana, Faculdades de Teologia, Universidades Católicas, Superiores Maiores das Ordens e Congregações Religiosas, para colher sugestões e conselhos para o Concílio.

4. O cardeal Tardini enviou uma carta convidando os bispos para exprimir seus anseios e sugestões; em poucos meses chegaram mais de 2 mil respostas, procedendo-se à elaboração dos Relatórios Sintéticos Nacionais. Dos 167 bispos e prelados do Brasil que receberam a carta de consulta, 132 responderam. No entanto, a maioria limitou-se a desejar bom êxito ou solicitar pequenas mudanças no Código de Direito Canônico, na liturgia ou na disciplina eclesiástica.

5. Em 5 de junho de 1960, João XXIII deu início à fase preparatória, criando 13 comissões e secretariados, e uma Comissão Central, presidida pelo Papa e integrada pelos presidentes das demais comissões e outros membros, com o intuito de coordenar todos os trabalhos, estabelecer a agenda dos assuntos a serem tratados no Concílio e estabelecer as normas e regulamentos para o seu funcionamento.

6. As comissões trabalharam arduamente nos meses seguintes para organizar o material recolhido; no entanto as comissões operavam em segredo e isolamento entre elas, causando uma superposição de esquemas e acarretando incongruências e perda de tempo, causando uma dissociação entre o Concílio sonhado por João XXIII e os esquemas elaborados pelas comissões supervisionadas pela Cúria. A Assembléia conciliar rejeitou a continuidade das comissões pré-conciliares elegeu novos membros para elas. Salvo o esquema da liturgia, todos os outros 70 esquemas foram rejeitados ou despachados para serem refeitos, sendo reduzidos e reagrupados em 17 esquemas que resultaram nos 16 documentos finais do Vaticano II.

As comissões foram afetadas também pela sua composição, com um grande número de europeus, que ocupavam ¾ das posições, e também pelos pouquíssimos leigos; nenhuma religiosa ou leiga participou das comissões. Outro aspecto foi que o segredo fez com que a opinião pública e o episcopado mundial ficassem à margem do processo.

7. A participação brasileira na etapa preparatória foi reduzida a um punhado de 10 bispos e teólogos, sendo 4 membros e 6 consultores. A fase preparatória do Concílio encerrou-se com a sétima e última sessão plenária da Comissão Central, de 12 a 20 de junho de 1962. Todo o material resultou em 70 esquemas impressos em 119 opúsculos, em 2060 páginas.

8. A iniciativa de João XXIII de criar o Secretariado para a União dos Cristãos, em 5 de junho de 1960, acrescentado de uma sessão votada para o diálogo católico-judaico, e a de Paulo VI, criando um secretariado às religiões não-cristãs e outro aos não-crentes, ajudou nos propósitos e sonhos do Concílio.

9. Por fim, Beozzo afirma que o Concílio Vaticano II só foi possível por causa de João XXIII, na busca de um novo Pentecostes na vida da Igreja. Mesmo com alguns que se opunham à linha de abertura e diálogo inaugurada pelo Papa, seu entusiasmo e otimismo, alegria e contentamento levaram adiante para a realização do Concílio.

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