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quinta-feira, 18 de março de 2010

Lectio Divina: Lição de Misericórdia - 5º Domingo da Quaresma - Jo 8,1-11

Por: Patrick Silva, imc - in: http://www.imconsolata.org.br/

Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou ao templo, e todo o povo se reuniu ao redor dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Os escribas e os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em adultério. Colocando-a no meio, disseram a Jesus:
“Mestre, esta mulher foi flagrada cometendo adultério. Moisés, na Lei, nos mandou apedrejar tais mulheres. E tu, que dizes?” Eles perguntavam isso para experimentá-lo e ter motivo para acusá-lo. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever no chão, com o dedo.
Como insistissem em perguntar, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!” Inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. Ouvindo isso, foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos. Jesus ficou sozinho com a mulher que estava no meio, em pé. Ele levantou-se e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor!” Jesus, então, lhe disse: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”. (João 8,1-11)

1. LECTIO – leitura
Esta semana voltamos a ler mais um exemplo do perdão e da misericórdia de Jesus. Uma mulher é apanhada em adultério é apresentada a Jesus. Somente a mulher é apresentada, estaria só! Os fariseus, conhecendo o sentimento de compaixão que Jesus nutria pelos pecadores, aproveitam a oportunidade para tentar prendê-lo. É fácil de imaginar a cena: Jesus está ensinando no templo, o lugar mais sagrado para os judeus que Jesus descreveu como "casa de meu Pai". Uma multidão de pessoas reunidas ao seu redor para escutá-lo. Um grupo de fariseus e doutores da Lei chega com uma mulher e a colocam perante Jesus. Eles afirmam que ela foi apanhada em adultério e que a punição exigida pela Lei de Moisés é a morte por apedrejamento (veja Levítico 20,10 e Deuteronômio 22, 22-24). Então vem a pergunta nada inocente: "E tu, que dizes?" Eles pretendem acusar a mulher, mas, seu principal objetivo é encontrar uma oportunidade para acusar Jesus. O homem com quem ela estava cometendo adultério não é mencionado! A atmosfera deve ter sido eletrizante. Era literalmente uma questão de vida ou morte. Olhos de todos passam da mulher, que está em “perigo de vida”, para se fixarem em Jesus. Qual será a sua resposta? Então Jesus se abaixa e começa a escrever no chão. O que é que ele terá escrito? Por quê reagiu daquele modo? Talvez Jesus desejasse desviar a atenção da pobre mulher, a qual deveria estar apavorada. Talvez ele estivesse pensando que resposta iria dar. O evangelista João não oferece nenhuma explicação.
Finalmente chega a resposta de Jesus. É uma resposta magistral. Ele está bem ciente da armadilha. Ele silencia os acusadores sem contrariar a lei e sem branquear o pecado ou desculpabilizar o comportamento da mulher. Convidando os acusadores a tomarem consciência de que o pecado é uma conseqüência dos nossos limites e fragilidades e que Deus entende isso. A mulher fica só diante de Jesus. Quando os escribas e fariseus se retiram, Jesus nem sequer pergunta à mulher se ela está ou não arrependida: convida-a, apenas, a seguir um caminho novo, de liberdade e de paz (“vai e não tornes a pecar”). A lógica de Deus não é uma lógica de morte, mas uma lógica de vida; a proposta que Deus faz através de Jesus não passa pela eliminação dos que erram, mas por um convite à vida nova, à conversão, à transformação, à libertação de tudo o que oprime e escraviza; e destruir ou matar em nome de Deus ou em nome de uma qualquer moral é uma ofensa inqualificável a esse Deus da vida e do amor, que apenas quer a realização plena da pessoa.
O episódio sublinha a intransigência e a hipocrisia da humanidade, sempre disposta a julgar e a condenar... os outros. Jesus denuncia a lógica daqueles que se sentem perfeitos e auto-suficientes, sem reconhecerem que estamos todos a caminho e que, enquanto caminhamos, somos imperfeitos e limitados. É necessário reconhecer, com humildade e simplicidade, que necessitamos todos da ajuda do amor e da misericórdia de Deus para chegar à vida plena. A única atitude que faz sentido, neste esquema, é assumir para com os todos a tolerância e a misericórdia que Deus tem para com todos nós.

2. MEDITATIO – meditação
+ Compare a forma como os fariseus trataram esta mulher e a maneira de Jesus tratar. Quais as diferenças?
+ Imagine-se em primeiro lugar como um dos fariseus, em seguida, como esta mulher assustada. Que impacto você acha que esse encontro teria sobre você?
+ O que podemos aprender com esta passagem sobre as nossas atitudes para o nosso próprio comportamento e nossas atitudes para com os outros?

3. ORATIO – oração
Agradeça a Deus por sua graça e misericórdia. Ele conhece nossas fraquezas e limites, porém, está sempre disposto a perdoar.
Ore com o Salmo 126 e dê graças pelas maravilhas que o Senhor tem feito por nós!
Peça ao Espírito Santo para revelar as atitudes em você que devem ser mudadas.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Considere as imagens da água presentes em Isaías 43 e Salmo 126. Deixe Deus revelar-se como fonte purificadora da vida. Contemple as maravilhas que Deus tem realizado por si, mesmo que às vezes se sinta não merecedor.

5. MISSIO - missão
Num mundo sempre pronto a apontar o dedo acusador contra os mais fragilizados, a/o missionária/o é convidado a demonstrar toda a sua compaixão em favor dos “rejeitados”, na certeza da misericórdia de Deus. “Nós devemos ser humildes por necessidade de nossa frágil natureza”. José Allamano


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