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quarta-feira, 31 de março de 2010

Lectio Divina: Ressuscitou - Páscoa do Senhor - João 20, 1-9

Por Patrick Silva

No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”. Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. (João 20, 1-9)

1. LECTIO – leitura
Estamos perante uma narrativa atraente. O corpo de Jesus desapareceu e Maria Madalena é a primeira a fazer essa constatação. A passagem destaca dois discípulos, Pedro e outro discípulo, que a tradição identifica como sendo João, o discípulo amado. O texto começa com uma indicação cronológica, mas que deve ser entendida em chave teológica: “no primeiro dia da semana”. Significa o início um novo tempo – o da nova criação, o da Páscoa definitiva. A corrida rumo ao túmulo e as conclusões dos dois discípulos “animam” o resto da passagem. O narrador diz que João acreditou, de imediato, que Jesus ressuscitara, simplesmente ao ver a roupa abandonada na sepultura. Mas, o que é que fez com que João acreditasse que Jesus estava vivo? Alguns comentaristas acreditam que foi o modo com que a roupa foi deixada na sepultura, a qual estava num estilo que João reconhecia como sendo o estilo deJesus. Quem deixou a roupa daquele jeito não poderia estar morto, mas sim vivo. Então, Jesus tinha que estar vivo. Este é o primeiro encontro de João com o Cristo ressuscitado. Será que João partilhou esta sua convicção com Pedro? Não sabemos! Tudo o que é dito é que os discípulos ainda não entendiam a escritura, que afirmava que Jesus devia ressuscitar dos mortos, mas seu entendimento iria mudar em breve. Interessante notar que cada pessoa faz uma experiência de fé diferente do outro, uns correm, outros caminham, o importante é fazer essa experiência. A experiência do encontro com o Ressuscitado transformou radicalmente a vida daquele grupo dos seguidores de Jesus. O testemunho ocular desses discípulos é fundamentais para a fé dos cristãos. Eles sabiam que Jesus morreu na cruz, eles sabiam exatamente onde ele foi sepultado e cada um pessoalmente, encontrou-se com o Cristo ressuscitado. Esses encontros com o Senhor ressuscitado confirmaram sua crença de que ele era de fato quem ele disse ser: o Messias prometido, o Filho de Deus.

O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem nunca ser geradores de vida nova; e o discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta – a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira. Esse “outro discípulo” é, portanto, a imagem do discípulo ideal, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro com um total empenho, que compreende os sinais e que descobre (porque o amor leva à descoberta) que Jesus está vivo. Ele é o paradigma da “pessoa nova”, recriada por Jesus.

2. MEDITATIO – meditação
+ Imagine-se presente naquele primeiro dia da semana após a crucificação de Jesus. Acordar, tentando comer e beber, e indo com Maria Madalena, Pedro e João para o túmulo. O que é que você pensa e sente ao ver o túmulo vazio?
+ Como explicaria a alguém que não segue a Jesus, o porquê os acontecimentos que tiveram lugar na primeira Páscoa ainda são tão importantes hoje.
+ A ressurreição de Jesus prova precisamente que a vida plena, a vida total, a libertação plena, a transfiguração total da nossa realidade e das nossas capacidades passam pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas conseqüências. Você tem consciência disso? É nessa direção que conduz a caminhada da sua vida?

3. ORATIO – oração
A Páscoa é o dia mais alegres do calendário da igreja. As palavras do anjo continuam ecoando em nossos corações: “Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito!” (Mateus 28,6). Faça o seu próprio louvor e manifeste a sua alegria e agradecimento a Deus.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
“Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus; cuidai das coisas do alto, não do que é da terra. Pois morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele, cheios de glória (Colossenses 3,1-4). O texto afirma que em Cristo temos vivido a nossa própria "ressurreição", uma nova vida espiritual. Reflita sobre o que significa ter a sua vida "escondida com Cristo em Deus". Pense nas coisas do alto, em vez de preocupações terrenas.

5. MISSIO - missão
“A semana da Páscoa é repleta de alegria. Por isso, a Igreja manda-nos gritar entusiasticamente: Aleluia! Aleluia! Jesus ressuscitou para nunca mais morrer”. José Allamano

disponível semanalmente em: http://www.imconsolata.org.br/

Um comentário:

  1. Manoel de Jesus A dos Santos23 de abril de 2011 às 21:38

    uma reflexão bem clara e teologica e realista, que aponta para um compromisso cristão.

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