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sábado, 1 de maio de 2010

Lectio Divina de Jo 13,31-35 - Amai-vos uns aos outros - 5º Domingo de Páscoa

Por: Patrick Silva

Depois que Judas saiu, Jesus disse: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”.
João 13, 31-35

1. LECTIO – leitura
Ao se despedir dos seus discípulos, Jesus deixa-lhes em testamento o “mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.

O trecho do evangelho está inserido no contexto da uma ultima ceia de Jesus, na qual se despede daqueles que o acompanharam durante três anos. Jesus lavou os pés aos discípulos (veja Jo 13,1-20) e anunciou a traição (veja Jo 13,21-30); neste contexto, está presente o amor de Jesus (que se faz serviço simples e humilde no lava-pés e que se faz amor que não julga, que não condena, que não limita a liberdade e que se dirige até ao inimigo mortal, na referência a Judas, o traidor). Finalmente, Jesus se despede; suas palavras soam a testamento final. Trata-se de um momento solene.

O trecho apresenta duas partes. Na primeira parte (versículos 31-32), Jesus interpreta a saída de Judas, que vai entregar o “mestre” aos inimigos. A morte é, portanto, uma realidade bem próxima... Jesus explica, na seqüência, que a sua morte na cruz será a manifestação da sua glória e da glória do Pai. O termo grego “doxa” aqui utilizado traduz o hebraico “kabod” que pode entender-se como “riqueza”, “esplendor”. A “riqueza”, o “esplendor” do Pai e de Jesus manifesta-se, portanto, no amor que se dá até ao extremo, até ao dom total. A entrega de Jesus na cruz vai manifestar a toda a humanidade a lógica de Deus e mostrar a todos como Deus é: amor radical, que se faz dom até às últimas conseqüências. Na segunda parte (versículos 33-35) temos, então, a apresentação do “mandamento novo”. Começa com uma expressão (versículo 33a) que mostra a emoção de Jesus. “Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, vós deveis também amar-vos uns aos outros”. O verbo “agapaô” (“amar”) aqui utilizado define, em João, o amor que faz dom de si, o amor até ao extremo, o amor que não guarda nada para si, mas é entrega total e absoluta. O ponto de referência no amor é o próprio Jesus (“como Eu vos amei”); os dois episódios precedentes (lava-pés e despedida de Judas) definem a qualidade desse amor que Jesus pede aos seus: “amar” consiste em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em dar-lhes dignidade e liberdade pelo amor (lavagem dos pés), e isso sem limites nem discriminação alguma, respeitando absolutamente a liberdade do outro (episódio de Judas). Jesus é a norma, não com palavras, mas com atos; mas agora traduz em palavras os seus atos precedentes, para que os discípulos tenham uma referência.

O amor (igual ao de Jesus) que os discípulos manifestam entre si será visível para todos (versículo 35). Esse será o distintivo da comunidade de Jesus. Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma doutrina ou de uma ideologia, ou os observantes de leis, ou os fiéis cumpridores de rituais; mas são aqueles que, pelo amor que partilham, vão ser um sinal vivo do Deus que ama. Pelo amor, eles serão no mundo sinal do Pai. A proposta cristã resume-se no amor. É o amor que nos distingue, que nos identifica; quem não aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de Jesus.

2. MEDITATIO – meditação
+ O que é que está no centro da nossa experiência cristã? A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos rituais externos? Como nos apresentamos ao mundo ao mundo? Com a força do amor ou com a força da autoridade prepotente e dos privilégios?
+ A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que limitam horizontes, que roubam a liberdade... Mas o amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que vivemos e que partilhamos?
+ Por um lado, a comunidade de Jesus tem de testemunhar, com gestos concretos, o amor de Deus; por outro, ela tem de demonstrar que a utopia é possível e que as pessoas podem ser irmãs. É esse o nosso testemunho de comunidade cristã? Nos nossos comportamentos e atitudes uns para com os outros, os outros descobrem a presença do amor de Deus no mundo?

3. ORATIO – oração
O Salmo 145,8-13 enumera algumas das características de Deus. Deus se revela a cada um de nós. Nós somos sua imagem e semelhança. Agradeça a Deus por isso. Em espírito de oração ofereça estes versículos a Deus. Abra seu coração para Deus e deixe-o falar. Apresente a Deus as suas dificuldades, as suas lutas e escute a sua resposta.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
O livro do Apocalipse 2,1-5 nos fala de um “novo céu e uma nova terra”. Considere esta promessa e pense como alcançar isso através do novo mandamento de Jesus.

5. MISSIO - missão
“O amor ao próximo deve estimular-nos pela salvação de todos. Por isso, não sejamos apáticos e indiferentes, mas sedentos de almas, como Jesus. Deus quer que todos se salvem e pede a nossa colaboração”. José Allamano

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