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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lectio Divina - Jo 20,19-23 - Pentecostes

Por: Patrick Silva






Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos”. (João 20, 19-23)

1. LECTIO – leitura
     Celebrar a solenidade de Pentecostes se reveste de particular importância, pois este evento marca um ponto de viragem fundamental na experiência de fé dos discípulos. Tendo ficado “órfãos” com a ida de Jesus para o Pai, os discípulos têm agora a missão de continuar a proposta transmitida por Jesus. Apropriadamente o evangelista João mostra como se sentem os discípulos, ao revelar que estavam reunidos, mas com as portas fechadas por medo. O medo é algo paralizante, impede que a missão vá adiante.
     Toda a ação esta contextualizada no cenáculo onde ocorria a reunião amedrontada dos discípulos, ainda perplexos com os eventos acontecidos. A nova comunidade ainda desconhece quais as reais implicâncias de ser discípula de Jesus, precisa do “conselheiro” que recordará as palavras do próprio Jesus. Este “conselheiro” será uma presença dinâmica, que auxiliará os discípulos recordando-os dos ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de Jesus à luz dos novos desafios que o mundo lhes colocar.
     Ao contrário de Lucas que coloca o evento de Pentecostes 50 dias após a Páscoa, João coloca este evento logo no dia de Páscoa, mais propriamente ao anoitecer deste dia. Reunidos no cenáculo e de portas fechadas, os discípulos, recebem a presença do Ressuscitado, que lhes oferece o dom da Paz. A “paz”, qual dom messiânico, neste contexto assume o sentido de serenidade, tranqüilidade e esperança, as quais irão dotar os discípulos da força necessária para superar o medo e a insegurança. A presença do Jesus ressuscitado “no meio deles” é o que necessitam para superar a hostilidade do mundo. A comunidade não pode esquecer que o seu centro é Jesus, esquecer o centro é perder o sentido de ser comunidade.
     Ao mostrar-lhes “as mãos e o lado”, Jesus lhes recorda a doação total da sua vida. São estes os sinais que fazem os discípulos reconhecer a identidade de Jesus, mas é também o compromisso que os discípulos assumem de ser os continuadores destes sinais, isto é, de se entregarem totalmente ao serviço da missão.
     A presença e o reconhecer da identidade de Jesus fazem com que o medo se dissipe e dê lugar à alegria, finalmente os discípulos começam a ficar no rumo certo. Agora já podem receber a missão “Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Mas para que a missão possa acontecer é necessária a “ajuda divina”, a nova presença, o Espírito Santo. O sopro de Jesus sobre os discípulos recorda o gesto de Deus, no momento da criação, ao comunicar a vida ao “bonequinho” de argila (de notar o verbo utilizado por João, que é o mesmo usado no texto grego de Gn 2,7). Com o “sopro” de Deus de Gn 2,7, o “bonequinho” tornou-se um “ser vivente”, agora com o “sopro” de  Jesus, a comunidade cristã recebe a vida nova e, assim nasce o Novo Ser. Finalmente, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados para entregarem suas vidas em doação ao próximo. Dotados do Espírito são chamados a serem os continuadores da missão de Jesus de dar a conhecer o grande amor do Pai pela humanidade. Qual é essa missão?  A eliminação do pecado. As palavras de Jesus significam que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a toda a humanidade. Quem aceitar essa proposta, será integrado na comunidade de Jesus, os que recusarem continuarão a percorrer os caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação para toda a humanidade.

2. MEDITATIO – meditação
    +    A comunidade dos discípulos, apesar do medo, estava reunida. É essa a atitude predominante em sua comunidade? 
    +    A presença de Jesus na comunidade recorda que toda a comunidade deve ter como centro fundamental o próprio Jesus: é isso que acontece na sua comunidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os membros da comunidade?
    +    Os discípulos reconheceram Jesus pelos sinais “das mãos e do lado”, quais os sinais que damos ao mundo para nos reconheçam como discípulos de Jesus?
    +    Qual a importância do Espírito Santo na sua vida?
 
3. ORATIO – oração
Hoje queremos agradecer ao Bom Deus para ter enviado o Espírito Santo sobre os primeiros discípulos, foi a partir daquele momento que eles descobriram a missão. Agradeça a Deus por nos enviar, também a nós, o Espírito Santo para sermos continuadores da missão de Jesus. Cada dia da semana, peça a presença do Espírito Santo para ajudá-lo a viver de uma maneira que irá agradar a Jesus. É somente com a ajuda do Espírito Santo que podemos amar e servir na obediência de Jesus.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
De fato, vós não recebestes espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes o Espírito que, por adoção, vos torna filhos, e no qual clamamos: “Abbá, Pai!” (Romanos 8,15).

  5. MISSIO - missão
“Temos tendência a ser comodistas e, se o Espírito Santo não nos despertar, permaneceremos sempre indolentes e escravos de nossas faltas. / A difusão da fé faz-se pela ação do Espírito Santo. A ele se deve atribuir todo o bem que se realiza nas missões”. José Allamano

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