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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Lectio Divina do texto de Lucas 12, 49-53 - Festa da Assunção de Maria

Por Patrick Silva

Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”. Maria então disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os que tem planos orgulhosos no coração. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos, e mandou embora os ricos de mãos vazias. Acolheu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel. Depois, voltou para sua casa. (Lucas 12, 49-53)

1. LECTIO – Leitura
A nossa liturgia nos convida a celebrar neste domingo a Festa da Assunção de Maria e para tal nos oferece o texto de Lucas para nossa reflexão. O texto proposto faz parte do chamado “Evangelho da Infância”. Trata-se de um gênero literário especial, que não pretende ser um relato fotográfico sobre acontecimentos, mas antes uma catequese destinada a proclamar as realidades salvíficas que a fé prega sobre Jesus. Como gênero literário apresenta algumas características próprias que se comparam ao midrash haggádico (técnica de leitura e de interpretação do Antigo Testamento usada pelos rabinos judeus na época em que foi escrito o Novo Testamento). Assim poderíamos considerar que o texto traz para nós não uma informação “jornalística” sobre os fatos concretos, mas uma catequese sobre Jesus, feita a partir de um conjunto de referências tiradas da mensagem e das promessas do Antigo Testamento.

A primeira referência vai para a indicação de que, à saudação de Maria, o menino (João Baptista) saltou de alegria no seio da mãe. Trata-se, evidentemente, de uma indicação teológica: para Lucas, Jesus é o Deus que vem ao encontro da humanidade, e que tem uma mensagem de salvação que concretiza as promessas feitas por Deus aos antepassados; logo, a presença de Jesus provoca a alegria. Através de Jesus, Deus vai oferecer a salvação a todos; e isso provoca uma enorme alegria, por parte de todos os que anseiam pela concretização das promessas de Deus.

Segue-se a resposta de Isabel à saudação de Maria: “Bendita és tu entre as mulheres”. Trata-se de palavras que aparecem no “cântico de Débora” (veja Jz 5,24) para celebrar Jael, a mulher que, apesar da sua fragilidade, foi o instrumento de Deus para libertar o Povo das mãos de Sísera, o opressor. Maria é, assim, apresentada – apesar da sua fragilidade – como o instrumento de Deus para concretizar a salvação da humanidade.

Novamente se segue uma resposta, agora a resposta de Maria: “a minha alma enaltece o Senhor…”, a qual retoma um salmo de ação de graças (veja Sl 34,4), destinado a dar graças a Deus porque protege os humildes e os salva, apesar da prepotência dos opressores. É um salmo de esperança e de confiança, que exalta a preocupação de Deus para com os pobres que são vítimas da injustiça e da opressão. Sugere-se, claramente, que a presença de Jesus, através dessa mulher simples e frágil que é Maria, é um sinal do amor de Deus, preocupado em trazer a libertação a todos os que são vítimas da prepotência e da injustiça. Com Jesus, chegou esse tempo novo de libertação, de paz e de felicidade anunciado pelos profetas. Maria dirige o seu louvor para Deus, que realizou todas as maravilhas, ao passou que ela deixou fazer. Na passagem prodigiosa da virgindade à maternidade ela descobre o estilo e o esquema da ação renovadora de Deus.

2. MEDITATIO – meditação
A vinda de Jesus entre nós é a concretização das promessas de salvação e de libertação feitas por Deus ao seu Povo. Nós, que somos no mundo o rosto vivo de Jesus, propomos esta boa notícia? Os pobres, os que sofrem, todos os que são vítimas de opressão e suspiram ansiosamente por um mundo novo encontram no nosso anúncio esta proposta?

O “estremecimento” de alegria de João Baptista no seio de Isabel é o sinal de que o mundo espera com ânsia uma proposta verdadeiramente libertadora. Nós, os cristãos, somos verdadeiramente o veículo desta mensagem?

A proposta libertadora de Deus para a humanidade alcança o mundo através da fragilidade de uma mulher que aceita dizer “sim” a Deus. Deus se serve de cada um de nós, apesar dos nossos limites e da nossa fragilidade, porém precisa que estejamos disponíveis. Será que estamos disponíveis para Deus?

Maria, após ter conhecimento de que vai acolher Jesus no seu seio, parte ao encontro de Isabel e fica com ela, solidária com ela, até ao nascimento de João. Temos consciência de que acolher Jesus é estar atento às necessidades dos outros, partir ao seu encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades?

3. ORATIO – oração
O evangelho coloca na boca de Maria uma oração extraordinária, faça suas essas palavras. Ao longo desta semana reze com essas palavras. Disponibilize-se para Deus poder realizar o seu projeto de salvação.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple no silêncio o encontro destas duas mulheres. Contemple a alegria deste encontro. Recorde momentos em que sentiu uma alegria enorme em encontrar alguém.

5. MISSIO – missão
“O desejo mais ardente de Nossa Senhor é que todas as pessoas se salvem. Foi para isso que Jesus veio ao mundo. E ela, que esteve sempre unida a Jesus, não pode desejar outra coisa.” José Allamano

Disponível semanalmente em http://www.consolata.org.br/
 

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