Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Lectio Divina do texto de Lucas 12,31-48 - 19º Domingo do Tempo Comum

Por Patrick Silva

Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. “Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas. Sede como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os servos que o Senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, vos digo: ele mesmo vai arregaçar sua veste, os fará sentar à mesa e passará para servi-los. E caso ele chegue pela meia-noite ou já perto da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! “Ficai certos: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, não deixaria que fosse arrombada sua casa. Vós também ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem”. Então Pedro disse: “Senhor, é para nós ou para todos que contas esta parábola?” O Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e atento, que o senhor encarregará de dar à criadagem a ração de trigo na hora certa? Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade, vos digo: ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. Ora, se um outro servo pensar: ‘Meu senhor está demorando’ e começar a bater nos criados e nas criadas, a comer, beber e embriagar-se, o senhor daquele servo chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o excluirá e lhe imporá a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. O servo, porém, que não conhecendo essa vontade fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. Portanto, todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido; a quem muito foi confiado, dele será exigido muito mais! (Lucas 12, 32-48)

1. LECTIO – Leitura

O evangelho apresentado é a continuação daquele que meditamos na semana passado, onde foi estabelecida a ‘verdadeira riqueza’ e o convite a se precaver contra todo o tipo de cobiça, Jesus oferece mais alguns instruções aos que com ele continuam rumo a Jerusalém. Jesus dirige-se explicitamente ao grupo dos discípulos (designado como “pequeno rebanho” – veja Lc 12,32). O Mestre vai mostrar o que é necessário fazer para que o “Reino” seja uma realidade presente na vida dos discípulos e para que os “tesouros” deste mundo não sejam a prioridade: trata-se de estar sempre vigilante. Provavelmente Lucas apresenta aqui parábolas que devem ter aparecido em contextos diversos; mas todas estão ligadas pelo tema da vigilância, que será o tema central deste episódio.

Este ‘pedaço’ do evangelho começa com uma referência ao “verdadeiro tesouro” que os discípulos devem procurar e que não está entre os bens deste mundo (vers. 33-34): trata-se do “Reino” e dos seus valores. A questão fundamental é: como descobrir e guardar esse “tesouro”? A resposta é dada em três “parábolas”, que apelam à vigilância. A primeira parábola (vers. 35-38) convida a ter os rins cingidos e as lâmpadas acesas (o que parece aludir a Ex 12,11 e à noite da primeira Páscoa, celebrada de pé e “com os rins cingidos”, antes da viagem para a liberdade), como pessoas que esperam o senhor que volta da sua festa de casamento. Estar cingido significa estar disponível. Lucas não apresenta o patrão como noivo, mas como convidado a um casamento. A reação do patrão é inesperada: ele age como um servo e convida ao banquete. Os discípulos são, deste modo, convidados a estarem preparados para acolher a libertação que Jesus veio trazer. São também convidados a acolherem “o noivo” (Jesus) que veio propor à “noiva” (a humanidade) a comunhão plena com Deus (a “nova aliança”, representada na teologia judaica através da imagem do casamento). A segunda parábola (vers. 39-40) aponta para a incerteza da hora em que o Senhor virá. A imagem do ladrão que chega a qualquer hora, sem ser esperado, é uma imagem que pode parecer estranha para falar de Deus; mas é uma imagem sugestiva para mostrar que o discípulo fiel é aquele que está sempre preparado, a qualquer hora e em qualquer circunstância, para acolher o Senhor que vem. A terceira parábola (vers. 41-48) parece dirigir-se (é nesse contexto que a pergunta de Pedro nos coloca) aos responsáveis da comunidade, que devem permanecer fiéis às suas tarefas de animação e de serviço: se algum deles descuida as suas responsabilidades no serviço aos irmãos e usa as funções que lhe foram confiadas de forma negligente ou em benefício próprio, será castigado. Nos dois últimos versículos, o castigo diversifica-se de acordo o tipo de desobediência: os que desobedeceram intencionalmente serão mais castigados; os que desobedeceram não intencionalmente serão menos castigados. A referência às “vergastadas” deve ser entendida no contexto da linguagem dos pregadores da época e manifesta a repulsa de Deus por aqueles que negligenciam a missão que lhes foi confiada.

2. MEDITATIO – meditação
- Ser discípulo de Jesus significa viver nesta atitude de vigilância constante. Será que essa atitude está presente na vida cotidiana? O que nos impede de permanecer numa vigilância constante?
- Ser cristão não é um trabalho “com horários marcados”, mas um compromisso a tempo inteiro. Estamos conscientes dessa exigência?
- Estamos atentos e disponíveis para acolher e responder aos apelos e desafios de Deus?
- A Palavra proposta contém uma interpelação especial a todos aqueles que desempenham funções de responsabilidade, quer na Igreja, quer noutras esferas, como são exercidos esses responsabilidades? Será que o serviço é a nota dominante?

3. ORATIO – oração
Numa atitude de oração peça perdão pelas vezes em que a busca das riquezas do mundo foi mais importante do que a busca pelo “tesouro” do Reino de Deus. Agradeça por fazer parte a este “pequeno rebanho”. Ore para que seja capaz de se manter sempre numa atitude de vigilância.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Sem precisar de palavras contemple este Deus que o convida a buscar o verdadeiro tesouro da sua vida.

5. MISSIO – missão
“Cuidado! Não aconteça que, depois de termos começado a trabalhar com ardor, nos deixemos cair no desânimo e, vencidos por algum contratempo, venhamos a arrepender-nos da própria vocação.” José Allamano

Disponível semanalmente em http://www.consolata.org.br/
 

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