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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Lectio Divina de Mt 1, 18-24 - 4º Domingo do Advento

Por: Patrick Silva, imc

Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em despedi-la secretamente. Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus-conosco”. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa. (Mateus 1,18-24)

1. LECTIO – Leitura

O quarto domingo de Advento conclui a preparação às festividades do Natal, esta última semana é a derradeira etapa deste percurso preparatório. Ao longo deste tempo foi proposto “preparar” o caminho do Senhor, talvez até já tenhamos comprados os presentes de Natal, mas será que já “preparamos” o “presente” para Jesus?

O texto que é proposto pertence ao chamado “evangelho da infância”. Não se trata de um relato jornalístico dos eventos acontecidos naquela época, pois o interesse do evangelista não era esse, mas sim uma catequese para recordar a vinda salvadora do filho de Deus. Para bem entendermos o texto, precisa também ter alguns dados culturais da época em relação à situação de Maria e José. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro; só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre as duas etapas poderia haver um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante a primeira fase, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (veja Dt 22,23-27)… E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio. Ora, segundo o texto que nos é proposto, José e Maria estavam na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas já se tinham comprometido.

Segundo a narração de Mateus, José descobriu que Maria estava grávida, ainda antes que tivessem celebrado o casamento. Como sabia não ser o pai do bebê que estava para chegar, resolveu abandonar Maria, em segredo; mas um anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos e esclareceu o mistério: “Aquele que vai nascer é fruto do Espírito Santo”. O anúncio do anjo a José (vs. 20-24) segue o esquema dos relatos do Antigo Testamento, em que se anuncia o nascimento de uma personagem importante (veja Jz 13): a) o anúncio está rodeado de sinais divinos; b) que provocam medo e espanto; c) o mensageiro divino anuncia qual será o nome e a missão da criança que vai nascer; d) dá-se um sinal que confirma o anúncio. O intuito deste esquema é vincular a personagem, desde o seu nascimento, com o projeto divino. Este mesmo esquema é, aliás, usado por Lucas para descrever o nascimento de João Baptista (veja Lc 1,5- 25). Neste episódio temos, portanto, não uma descrição de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus. Então, o que é que esta catequese procura ensinar? Fundamentalmente, procura mostrar que Jesus vem de Deus; qual a sua missão: o nome que lhe é atribuído mostra que Ele vem de Deus com uma proposta de salvação para a humanidade (“Jesus” significa “Deus salva”). Fica certo, também, que Ele é o Messias de Deus, da descendência de David, que os profetas anunciaram.

A figura de José desempenha aqui um papel muito interessante… O anjo dirige-se a ele como “filho de David” (v. 20) e pede-lhe que receba Maria e que coloque um nome na criança (v. 21). A imposição do nome é o rito através do qual um pai recebe uma criança como seu próprio filho. Assim, Jesus passa a fazer parte da família de David e a ser, naturalmente, a esperança para a restauração desse reino pelo qual todo o Povo ansiava. Pela obediência de José, realizam-se os planos e as promessas de Deus ao seu Povo.

2. MEDITATIO – meditação

• O que espero com a vinda de Jesus?

• O Natal tornou-se a festa do consumismo! O Natal para mim o que é? Será que também tenho contribuído para que o Natal seja apenas uma festa consumista? Como tem sido a minha preparação a este Natal?

• As personagens de Maria e José mostram duas pessoas abertas e disponíveis ao projeto de Deus. É essa a minha atitude de disponibilidade aos desafios de Deus? Sou capaz de dizer todos os dias “sim”, de forma a que, através de mim, Deus possa nascer no mundo e salvar a todos?

• José e Maria já tinham planos para a sua vida, porém, a vinda de Deus “perturbou” esses planos, aliás, causou uma mudança radical desses planos. Estarei disposto a que Deus mude os meus planos pessoais? Ou os mesmo planos pessoais estão acima de tudo?

3. ORATIO – oração
José e Maria são colocados aqui como modelos para nossa preparação ao Natal. Este casal permitiu que Deus mudasse a sua vida, deixaram de lados os seus projetos, talvez sonhos e aceitaram o projeto, o sonho de Deus. Na sua oração peça perdão pelas vezes em que busca apenas os seus projetos. Peça a Deus que o ajude a aceitar os planos que Deus reservou para você.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple a personagem de José no silêncio. Não é homem de muitas palavras; um homem discreto e simples para a escritura. No entanto, é um exemplo pela disponibilidade em aceitar o projeto de Deus.

5. MISSIO – missão
“Precisamos de pessoas generosas, enérgicas e perseverantes. São dons que Deus concede a quem o ama. São características do missionário.” José Allamano

 

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