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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Lectio Divina de João 1,29-34 - 2º Domingo do Tempo Comum

Por Patrick Silva, imc

No dia seguinte, João viu que Jesus vinha a seu encontro e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. É dele que eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia’! Eu também não o conhecia, mas vim batizar com água para que ele fosse manifestado a Israel”. João ainda testemunhou: “Eu vi o Espírito descer do céu, como pomba, e permanecer sobre ele. Pois eu não o conhecia, mas aquele que me enviou disse-me: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, é ele quem batiza com o Espírito Santo’. Eu vi, e por isso dou testemunho: ele é o Filho de Deus!” (João 1,29-34)

1. LECTIO – Leitura

Após todas as festividades que foram propostas pela liturgia durante o tempo de Natal, agora caminharemos no “tempo comum”, onde não celebramos festas “especiais”, mas continuamos celebrando e atualizando a Páscoa do Senhor. Para começar, lemos um trecho da parte inicial do evangelho João, onde o evangelista começa a responder à questão: “quem é este Jesus”? A primeira pessoa que vai oferecer uma resposta é João Batista. João Baptista, o percursor, desempenha aqui um papel especial. Cabe a ele, apresentar aquele que está chegando e o apresentar à humanidade. Assim, podemos dizer que João é o apresentador de Jesus. A apresentação é feita através de duas afirmações com um profundo impacto teológico: Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e é o Filho de Deus que possui a plenitude do Espírito.

A primeira afirmação (“Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”) evoca, provavelmente, duas imagens tradicionais extremamente sugestivas. Por um lado, evoca a imagem do “servo sofredor”, o cordeiro levado para o matadouro, que assume os pecados do seu Povo e realiza a expiação dos pecado (imagem presente nos textos de Is 52,13-53,12); por outro lado, evoca a imagem do cordeiro pascal, símbolo da ação libertadora de Deus em favor de Israel (veja Ex 12,1-28). Qualquer uma destas imagens sugere que a pessoa de Jesus está ligada à libertação. Sua missão é tirar (“eliminar”) “o pecado do mundo”. A palavra “pecado” aparece, aqui, no singular: não designa os “pecados” das pessoas, mas um “pecado” único que oprime a humanidade inteira; esse “pecado” provavelmente no contexto de João se refere à recusa da proposta de vida com que Deus quis presentear a humanidade. O “mundo” designa, neste contexto, a humanidade que resiste à salvação, reduzida à escravidão e que recusa a luz/vida que Jesus lhe pretende oferecer… Deus propôs-se tirar a humanidade da situação de escravidão em que esta se encontra; enviou ao mundo Jesus, com a missão de realizar um novo êxodo, que leve a humanidade da terra da escravidão para a terra da liberdade.

A segunda afirmação (o “Filho de Deus”) completa a afirmação anterior. Temos vários elementos sugestivos: o “cordeiro” é o Filho de Deus; Ele recebeu a plenitude do Espírito; e tem por missão batizar a humanidade no Espírito. Dizer que Jesus é o Filho de Deus é dizer que Ele é o Deus que se faz pessoa, que vem ao encontro da humanidade, que monta a sua tenda no meio desta, com a finalidade de lhe oferecer a plenitude da vida divina. Dizer que o Espírito desce sobre Jesus e permanece sobre Ele sugere que Jesus possui definitivamente a plenitude da vida de Deus, toda a sua riqueza, todo o seu amor. Por outro lado, a descida do Espírito sobre Jesus é a sua investidura messiânica, a sua unção (“messias” = “ungido”).

Jesus é, finalmente, aquele que batiza no Espírito Santo. O verbo “batizar” aqui utilizado tem, em grego, duas traduções: “submergir” e “ensopar (como a chuva ensopa a terra)”; refere-se, em qualquer caso, a um contato total entre a água e o sujeito. “Batizar no Espírito” significa, portanto, um contato total entre o Espírito e a pessoa, uma chuva de Espírito que cai sobre a pessoa e lhe “ensopa” o coração. A missão de Jesus consiste, portanto, em derramar o Espírito sobre a pessoa; a qual aderindo a Jesus e “ensopado” do Espírito abandona a experiência da escuridão (“o pecado”) e alcança a plenitude da vida.

2. MEDITATIO – meditação

João batista foi quem apresentou Jesus à humanidade, Também sou um “apresentador” de Jesus aos que me rodeiam?

Tenho consciência de que estou “ensopado” do Espírito Santo, que me convida a abandonar a “escuridão” para aderir à vida plena?

A missão dos seguidores de Jesus consiste em anunciar a vida plena e em lutar contra tudo aquilo que impede a sua concretização na história. Será que é isso que realizo em minha caminhada cristã?

3. ORATIO – oração
Peça a Deus o dom do Espírito, para que cheio do Espírito viva segundo o projeto de Deus e assim alcance a vida plena, cheia da felicidade divina.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
No silêncio contemple este Jesus Filho de Deus que vem oferecer a libertação dos nossos pecados e nos encaminhar para a luz verdadeira.

5. MISSIO – missão
“O Espírito Santo é fogo, é chama ardente. Todos nós devemos viver inflamados nesse amor. Peçamos que este fogo divino nos envolva totalmente e nos aqueça. É preciso amar, amar, porque o Espírito Santo é todo amor.” José Allamano



 

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