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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Lectio Divina de Mateus 3,13-17 - Batismo do Senhor

Por: Patrick Silva, imc

Jesus veio da Galiléia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser batizado por ele. Mas João protestou, dizendo: ‘Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’ Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Por enquanto deixa como está, porque nós devemos cumprir toda a justiça!’ E João concordou. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado’. (Mateus 3,13-17)

1. LECTIO – Leitura

O tempo de Natal é cheio de festividades. Celebramos o nascimento de Jesus, de seguida Jesus se revelou ao mundo na celebração da Epifania e agora celebramos o Batismo de Jesus. Ao longo destas celebrações somos convidados a realizar um percurso espiritual que nos aproxima de Jesus.

O texto do evangelho apresenta Jesus indo ao encontro de João Baptista afim de ser batizado no rio Jordão. João, o primo e percursor de Jesus, no deserto convidara à conversão, essa conversão passavam por um rito de purificação realizado com água; um rito frequente na época entre os judeus. Nesta perspectiva o que fez Jesus procurar o batismo de João? Para o evangelista Mateus, o batismo é um momento privilegiado da manifestação de Jesus à humanidade: antes de começar a sua atividade, Jesus se apresenta… A passagem tem duas partes: o diálogo entre João e Jesus (vs. 14-15) e a manifestação de Jesus como Filho de Deus (vs. 16-17). Na primeira parte, o diálogo entre João e Jesus explica o porquê da ida de Jesus ao encontro de João para ser batizado… Em sua resposta, Jesus deixa claro que o seu batismo é um passo necessário para a realização da vontade de Deus (“devemos cumprir toda a justiça”… O cumprir a “justiça” equivale ao cumprimento da vontade de Deus. Assim, Jesus se apresenta como “Filho”, que cumpre fielmente a vontade do Pai (na cultura semita, a obediência era aquilo que definia a relação entre um filho e um pai…

Que é que este batismo tem a ver com o projecto salvador do Pai para a humanidade? Ao receber este batismo de penitência e de perdão dos pecados (do qual não precisava) Jesus se solidariza com a humanidade limitada e pecadora, assumindo sua condição, colocou-se ao lado da humanidade para a ajudar a sair dessa situação e para percorrer no caminho da libertação, da salvação.

Na segunda parte, temos uma reflexão sobre a identidade de Jesus e sobre a sua missão. Para isso, Mateus recorre a três elementos simbólicos expressivos: os céus abertos, o Espírito que desce em forma de pomba e a voz do céu. A abertura do céu significa a união da terra e do céu. A imagem inspira-se, provavelmente, em Is 63,19, onde o profeta pede a Deus que “abra os céus” e desça ao encontro do seu Povo, refazendo essa relação que o pecado do Povo interrompeu. Desta forma, Mateus anuncia que a atividade de Jesus vai reconciliar o céu e a terra, vai refazer a comunhão entre Deus e os homens.

O símbolo da pomba não é imediatamente claro… Provavelmente, não se trata de uma alusão à pomba que Noé libertou e que retornou à arca (veja Gn 8,8-12); é mais provável que a pomba (em certas tradições judaicas, símbolo do Espírito de Deus que, no início, pairava sobra as águas – veja Gn 1,2) evoque a nova criação que terá lugar a partir da ação que Jesus vai iniciar.

Finalmente, a voz do céu. Trata-se de uma forma muito usada pelos rabbis para expressar a opinião de Deus acerca de uma pessoa ou de um acontecimento. Essa voz declara que Jesus é o Filho de Deus; e fá-lo com uma fórmula tomada desse cântico do “Servo de Jahwéh” que encontramos em Is 42,1. Afirmando então que Jesus é o Filho de Deus… Mas acrescenta-se que sua missão acontecerá em obediência total ao Pai.

O episódio do batismo de Jesus oferece a seguinte catequese: Jesus é o Filho de Deus, enviado pelo Pai para cumprir um projeto de salvação em favor da humanidade, para tal o Filho se solidarizou com a humanidade a se incarnar como homem. Através do Filho o Pai realizará uma nova criação, a definitiva criação. Além desta catequese sobre Jesus, o texto sugere outras duas linhas importantes quanto à definição da identidade de Jesus. Uma delas apresenta Jesus como o novo libertador: o batismo de Jesus no Jordão recorda a passagem do Mar Vermelho e estabelece um novo paralelo entre Jesus e Moisés… Jesus é o novo Moisés, revestido do Espírito de Deus, para conduzir o seu Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. A outra linha torna-se patente no diálogo entre João e Jesus: se João reconhece humildemente a sua inferioridade e a sua condição de percursor, é porque Jesus é esse Messias esperado, da descendência de Davi.

2. MEDITATIO – meditação

No episódio do Batismo de Jesus vemos a confirmação da filiação divina e da missão de Jesus. Em nosso batismo recebemos também a filiação divina e uma missão. Tenho sido fiel ao meu batismo?

Com o seu batismo Jesus assume plenamente a sua condição de “Filho” e se faz obediente ao Pai, cumprindo integralmente o projeto do Pai. É nesta atitude de obediência, de confiança que eu assumo na minha relação com Deus? O projeto de Deus é, para mim, mais importante de que os meus projetos pessoais?

No batismo Jesus aceita solidarizar-se com a debilidade da natureza humana, nas minhas relações sou uma pessoa solidária?

3. ORATIO – oração
Reze por todos aqueles que ao longo deste ano receberão o batismo, pedindo para que sejam fieis ao compromisso assumido. Ore pela sua fidelidade e missão ao serviço do Pai.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Recorde o seu batismo e a condição que lhe concedeu. Você é um filho/filha de Deus. Contemple com amor este Pai que lhe concedeu a condição divina.

5. MISSIO – missão
“Cada qual diga a si próprio, de todo o coração: ‘Eu amo a Deus mais que todos os outros.’ E não tenha medo, que isso não é soberba nenhuma.” José Allamano

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