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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Lectio Divina de Mateus 4,12-23 - 3º Domingo do Tempo Comum

Por: Patrick Silva, imc

Quando soube que João tinha sido preso, Jesus retirou-se para a Galiléia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, às margens do mar da Galiléia, no território de Zabulon e de Neftali, para cumprir-se o que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galiléia, entregue às nações pagãs! O povo que ficava nas trevas viu uma grande luz, para os habitantes da região sombria da morte uma luz surgiu”. Daí em diante, Jesus começou a anunciar: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”. Caminhando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam no barco, com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os chamou. Deixando imediatamente o barco e o pai, eles o seguiram. Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, anunciando a Boa Nova do Reino e curando toda espécie de doença e enfermidade do povo. (Mateus 4,12-23)


1. LECTIO – Leitura
Neste domingo somos “transportados” até Galiléia, a região setentrional da Palestina, ponto de encontro de muitos povos. Encontramos uma outra referência geoagráfica à cidade de Cafarnaum: situada no limite do território de Zabulão e de Neftali, na margem noroeste do lago de Genezaré, considerada a capital judaica da Galileia (embora Tiberíades fosse a capital política). A sua situação geográfica abria-lhe, também, as portas dos territórios dos povos pagãos da margem oriental do lago.

Num primeiro momento, o evangelista Mateus refere como Jesus abandona Nazaré, o seu lugar de residência habitual, e se transfere para Cafarnaum. Mateus descobre nesse fato um significado profundo, à luz de Is 8,23-9,1: a “luz” que havia de eliminar as trevas e as sombras da morte de que fala Isaías é, para Mateus, o próprio Jesus. Será exatamente na terra humilhada de Zabulão e Neftali, que vai começar a brilhar a luz da libertação. O anúncio libertador de Jesus apresenta, desde logo, uma dimensão universal, assim, não é por acaso que o primeiro anúncio comece na Galiléia, terra onde os gentios se misturam com os judeus.

Num segundo momento, o evangelista apresenta o início da missão de Jesus, definindo o conteúdo básico da pregação, mostrando o “Reino” como realidade viva e apresentando os primeiros discípulos que acolhem o apelo do “Reino” e que vão seguir Jesus na missão.

Conteúdo do anúncio: o versículo 17 é explicito, Jesus veio trazer “o Reino”. A expressão “Reino de Deus” (ou “Reino dos céus”, como prefere dizer Mateus) refere-se, no Antigo Testamento e na época de Jesus, ao exercício do poder soberano de Deus sobre a humanidade). Jesus tem consciência de que a chegada do “Reino” está ligada à sua pessoa. O seu primeiro anúncio resume-se, para Mateus, no seguinte proposta: “arrependei-os (‘metanoeite’) porque o Reino dos céus está a chegar”.

O convite à conversão (“metanoia”) é um convite a uma mudança radical na mentalidade, nos valores, na postura vital. Corresponde, fundamentalmente, a um reorientar a vida para Deus, a um reequacionar a vida, de modo a que Deus e os seus valores passem a estar no centro da existência da pessoa; só quando a pessoa aceita que Deus ocupe o lugar que lhe compete, está preparado para aceitar a realeza de Deus… Então, o “Reino” pode nascer e tornar-se realidade no mundo e nos corações.

O “Reino” não é uma realidade vazia, assim, o evangelista mostra desde logo a construção dete “reino” realizada através de Jesus. Tal é realizado através das suas palavras e dos seus gestos (milagres, curas, expulsões) são sinais evidentes de que Deus começou já a reinar e a transformar a escravidão em vida e liberdade.

Por último, Mateus descreve o chamado dos primeiros discípulos. Estamos perante um texto com um intuito catequético sobre o chamado e a adesão ao projeto do “Reino”. Através da resposta imediata de Pedro e André, Tiago e João, propõe-se um exemplo da conversão radical ao “Reino” e de adesão às suas exigências.

O relato sublinha uma diferença fundamental entre os chamados por Jesus e os discípulos que se juntavam à volta dos mestres do judaísmo: não são os discípulos que escolhem o mestre e pedem para entrar no seu grupo, como acontecia com os discípulos dos “rabbis”; mas a iniciativa é de Jesus, que chama os discípulos que Ele próprio escolheu, que os convida a segui-l’O e lhes propõe uma missão. A resposta dos quatro discípulos ao chamamento é paradigmática: renunciam à família, ao seu trabalho, à segurança e seguem Jesus sem condições. Esta ruptura indicia uma opção radical pelo “Reino” e pelas suas exigências.

Os discípulos serão “pescadores de homens”. O mar é, na cultura judaica, o lugar dos demônios, das forças da morte que se opõem à vida e à felicidade; logo, a missão dos discípulos será colaborar na libertação da humanidade de tudo o que a impede de alcançar a verdadeira vida.

Os primeiros quatro discípulos representam todo o grupo dos discípulos, de todos os tempos e lugares… Estes são o paradigma para aqueles que hoje chamados a continuar a colaboração na libertação da humanidade.

2. MEDITATIO – meditação
O primeiro anúncio de Jesus é um apelo à conversão. O que é que na minha vida, nas minhas escolhas, nos meus comportamentos constitui um obstáculo à chegada do “Reino”?

A resposta dos primeiros chamados se caracteriza pela prontidão da resposta. A minha resposta a Deus como é que a caracterizo?

Os discípulos são chamados a “pescadores de homens”, colaborando na libertação da humanidade de tudo o que não leva à vida. Estou dentro deste projeto de libertação?

3. ORATIO – oração
Ore para ser capaz de responder prontamente ao apelo de Jesus, para que tenha a coragem de deixar os seus projetos para abraçar o grande projeto de Deus para você.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple Jesus que se aproxima de você e o convida a segui-lo. Abandone-se a este Jesus que a/o convida a ir mais além.

5. MISSIO – missão
“A vocação ao apostolado é própria de todos aqueles que amam intensamente a Deus, que anseiam por fazê-lo amar, e estão dispostos a qualquer sacrifício para conseguir tão nobre intento” José Allamano

Disponível semanalmente em http://www.consolata.org.br/ e http://www.palavramissionaria.com.br/

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