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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lectio Divina de Mateus 6,24-34 - 8º Domingo do Tempo Comum

Por: Patrick Silva, imc
Ninguém pode servir a dois senhores: ou vai odiar o primeiro e amar o outro, ou aderir ao primeiro e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro! “Por isso, eu vos digo: não vivais preocupados com o que comer ou beber, quanto à vossa vida; nem com o que vestir, quanto ao vosso corpo. Afinal, a vida não é mais que o alimento, e o corpo, mais que a roupa? Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé? Portanto, não vivais preocupados, dizendo: ‘Que vamos comer? Que vamos beber? Como nos vamos vestir?’ Os pagãos é que vivem procurando todas essas coisas. Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal. (Mt 6, 24-34)
1. LECTIO – Leitura
Continuamos na “montanha” onde Jesus pronunciou seu discurso, discurso esse que nos tem acompanhado ao longo das últimas semanas. Desta vez o texto proposto começa com um “dito” de Jesus  que adverte os discípulos para o uso das riquezas. Jesus afirma a incompatibilidade entre o amor a Deus e o amor aos bens materiais (a palavra grega usada é “mamonas”, que aqui serve para personificar o dinheiro como um poder dominador).  Deus deve ser o centro à volta do qual a pessoa constrói a sua existência. Assim, sempre que a lógica do “ter” domina o coração, o dinheiro ocupa o lugar de Deus e passa a ser um “deus”.  O verdadeiro Deus passa, então, a ocupar um lugar secundário, enquanto que o dinheiro não deixa espaço para qualquer outro valor. Ainda mais que o amor do dinheiro fecha totalmente o coração da pessoa num egoísmo estéril e não deixa qualquer espaço para o amor aos outros.
O evangelista Mateus procura responder às seguintes questões: como deve ser ordenada a hierarquia de valores dos discípulos de Jesus? Os membros da comunidade cristã não se devem preocupar minimamente com as suas necessidades básicas?
Para os discípulos de Jesus, o “Reino” deve ser o valor mais importante, a prioridade da sua vida. Então não é necessário preocupar-se com a comida, a bebida, a roupa, a segurança? Claro que precisamos pensar nessas coisas, porém, são valores secundários, que não devem sobrepor-se ao “Reino”. De resto, não precisamos de viver obcecados com essas coisas, pois o próprio Deus Se encarregará de suprir as necessidades materiais dos seus (“tudo o mais vos será dado por acréscimo” – ver. 33). Aliás, quem aceita o desafio do “Reino” descobre rapidamente que Deus é esse Pai bondoso que preside à história humana, que cuida dos seus. O discípulo que escolheu o “Reino” passa, então, a viver nessa serena tranquilidade que resulta da confiança absoluta no Deus que não falha.
A proposta de Jesus será um convite a viver na alegre despreocupação, na inconsciência, na passividade, no comodismo? Não. As palavras de Jesus são um convite a pôr em primeiro lugar as coisas verdadeiramente importantes (o “Reino”), a relativizar as coisas secundárias (as preocupações exclusivamente materiais) e, acima de tudo, a confiar totalmente na bondade e na solicitude paternal de Deus. De resto, viver na dinâmica do “Reino” não é cruzar os braços à espera que Deus faça chover do céu aquilo de que necessitamos; mas é viver comprometido, trabalhando todos os dias, a fim de que o O Reino de Deus se torne realidade.

2. MEDITATIO – meditação
  • Quais são as prioridades da sua vida? No que é que aposta incondicionalmente a sua vida?
  • O evangelho afirma a incompatibilidade entre o dinheiro e Deus. Se tiver que optar (não em termos teóricos, mas nas situações concretas da vida) entre o dinheiro e os valores do “Reino”, qual a sua escolha?
  • As preocupações do dia a dia o impedem de viver plenamente? O que poderia fazer para resolver tal situação?
3. ORATIO – oração
Num mundo em que o dinheiro se tornou o “único deus”, o discípulo é chamado a colocar a sua confiança e esperança no Deus que tudo “oferece” aos seus. Ore para se libertar de tudo o que impede de depositar tamanha confiança em Deus.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple a beleza de se sentir livre de tudo. Abandone-se as mãos deste Deus generoso e previdente.

5. MISSIO – missão
“Nunca corri atrás do dinheiro e o dinheiro correu sempre atrás de mim.” José Allamano



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