Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lectio Divina de Mateus 5,38-48 - 7º Domingo do Tempo Comum

Por: Patrick Silva, imc
“Ouvistes que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’.Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede emprestado. “Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito. (Mt 5, 38-48)
1. LECTIO – Leitura
O “discurso da montanha” continua nos guiando em nossa reflexão. Da última vez nos foi recordado que Jesus não veio para abolir a lei de Moisés, mas para lhe dar pleno cumprimento. No entanto, a perspectiva que o discípulo deve ter perante a lei, deve ser bem diferente daquela que as autoridades religiosas tinham. O evangelista, Mateus, começou apresentando quatro exemplos concretos de como a perspectiva perante a lei deve ser diferente. Neste evangelho, mais dois exemples serão apresentados.
O primeiro exemplo (o quinto da lista) refere-se à conhecida “lei de talião” (vs 38-42). A “lei de talião”, conhecida pela fórmula “olho por olho, dente por dente”, aparece em vários textos (veja Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,21). Apesar de hoje parecer uma lei descabida, era uma lei “aceitável”, pois evitava vinganças excessivas… No entanto, para Jesus uma nova lógica é necessária. O discípulo de Jesus deve terminar com tudo o que gera violência.  Jesus propõe que os membros do “Reino” sejam capazes de interromper o curso da violência, assumindo uma atitude pacífica. A título de clarificação, quatro casos concretos são apresentados. No primeiro (v. 39), pede que não se responda com a mesma moeda ao agressor, mas que se desarme o violento oferecendo a outra face; no segundo (v. 40), recomenda que, diante de uma exigência descabida (entregar da túnica, isto é, da peça de roupa mais fundamental), se responda entregando ainda mais (a capa – roupa que servia para proteger do frio da noite e que a Lei não admitia que fosse retida, senão por um dia (veja Ex 22,25; Dt 24,12-13); no terceiro (v. 41), exige que se acompanhe por duas milhas aquele que quer forçar a ser acompanhado por uma (alguns estudiosos acreditam que este exemplo será tirado de prática frequente das tropas romanas que requisitavam os habitantes do local que os guiassem durante algum tempo); no quarto (v. 42), Jesus recomenda que não se ignore, nem se deixe sem atender aquele que pede dinheiro emprestado… Este conjunto de exemplos concretos aponta numa única direção: os membros da comunidade de Jesus devem manifestar a todos um amor sem medida, que vai muito além daquilo que é humanamente exigido. Dessa forma, eles inauguram uma nova era de relações entre os homens.
O segundo exemplo (o sexto da lista) refere-se ao amor aos inimigos (vs. 43-48). A Lei recomendava: “ama o teu próximo e odeia o teu inimigo”… No entanto, embora haja na Lei uma referência ao amor ao próximo (veja Lv 19,18), não se refere, em lado nenhum, o ódio aos inimigos (o verbo “odiar” pode significar, nas línguas semitas, simplesmente “não amar”; no entanto, certos grupos contemporâneos de Jesus defendiam o ódio aos inimigos: os essênios de Qûmran, por exemplo, pregava o ódio contra os “filhos das trevas”).
Em qualquer caso, o amor ao próximo no tempo de Jesus tinha  adquirido um sentido muito restrito: era o amor aos mais chegados. Ainda que alguns admitissem que todo o judeu era próximo, certamente o “não judeu” estava descartado de ser próximo. Para Jesus o amor deve atingir todos, sem exceção, inclusive os inimigos. Fica, assim, abolida qualquer discriminação; são abatidas todas as barreiras. A motivação é que Deus também não faz discriminação no seu amor. Ele é o Pai que não distingue entre amigos e inimigos, que faz brilhar o sol e envia a chuva sobre bons e maus, que oferece o seu amor a todos, inclusive aos indignos (v. 45).
A expressão final (“sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”) resume o ensinamento destes seis exemplos: viver na dinâmica do “Reino” exige a superação de uma perspectiva legalista, para adotar a perspectiva abrangente de Jesus.

2. MEDITATIO – meditação
  • O evangelhos nos apresenta mais duas “exigências” de Jesus, concorda com essas exigências?
  • Seria capaz de caminhar um “quilômetro” a mais por alguém que não conhece?
  • Jesus deixa a difícil missão de amar os inimigos. Acha isso possível e realizável na sua vida?
3. ORATIO – oração
As propostas de Jesus são exigentes e às vezes até parecem ser impossíveis de realizar. Ore a Jesus que lhe dê a coragem de viver estas exigências na sua vida concreta de cada dia.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple o exemplo de Jesus na cruz, que perante o sofrimento, acaba perdoando os causadores da sua dor.

5. MISSIO – missão
“Somos chamados a amar a Deus e a fazer o bem: todo o bem possível e o melhor que for possível. Quanto mais amarmos a Deus mais perfeitos seremos; a medida da nossa perfeição é o amor.” José Allamano



Nenhum comentário:

Postar um comentário